sexta-feira, 13 de julho de 2012

VEM E SEGUE-ME OU VEM E SEGUE-O?


"Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me." (Mt 19.21)

"Vou seguir... os passos de Jesus". Assim começa o refrão de uma famosa música cristã. Seguir ao Senhor Jesus, essa é - ou deveria ser - a meta, o objetivo maior, de todo aquele que crê e aceita a Jesus Cristo como Único e Suficiente Senhor e Salvador pessoal. Seguir o Mestre de Nazaré... Como? Seguir tudo aquilo que a Sua Palavra - a Bíblia Sagrada - ensina. Essa era a meta antiga de todos os crentes evangélicos praticante em décadas passadas. Aliás, é bom que se diga que naqueles dias, o crente evangélico era praticante, ou seja, ele praticava a sua fé - não apenas indo em cultos na sua igreja, mas buscando SEMPRE, em TODOS OS MOMENTOS, checar se a sua vida estava sendo vivida realmente de acordo com aquilo que a Bíblia ensinava e ensina.

Por isso mesmo, era importantíssimo, era vital a compreensão da Bíblia Sagrada. Esta não era um livro "optativo", um "manual de direitos" como hoje infelizmente muitos assim a compreendem; tampouco era um livro a ser interpretado segundo o que cada um entendia, mas era O LIVRO, interpretado COM TODO CUIDADO E AUXÍLIO DO ESPÍRITO SANTO, de acordo com as regras de HERMENÊUTICA BÍBLICA, de forma a não se inventarem doutrinas novas, nem se imporem interpretações estapafúrdias ao texto sagrado. A Teologia - a qual muitos hoje criticam porque simplesmente ignoram (desconhecem) o que venha a ser, do que trata, etc. - era preciosa, era importante; nessa época, muitos e muitos seminários bíblicos e teológicos surgiram. A Bíblia e seu ensino (sistematizado na teologia, porque é isso que via de regra faz a teologia: sistematiza os ensinos bíblicos, organizando-os de forma compreensiva e lógica) era a base da fé. Ensino e crença em doutrinas anti-bíblicas, heresias no bom vernáculo, eram a forma pela qual se identificavam as SEITAS (não a igreja). DESVIOS DOS ENSINOS BÍBLICOS NÃO ERAM TOLERADOS DE FORMA ALGUMA, pois isso implicava em desvio da fé! As Escolas Bíblicas (EBDs), realizadas em geral aos domingos pela manhã antes do culto matutino, eram "seminários em miniatura": a Bíblia era ensinada com conhecimento e sabedoria do Alto; os mestres da EBD eram crentes evangélicos que se esmeravam em CONHECER e PRATICAR as Escrituras. Não raro, muitos e muitos mestres de renome se assentavam para ouvir e ensinar nas EBDs e as classes eram L-O-T-A-D-A-S, por multidões de irmãos ávidos pelo conhecimento!

Porque quase a totalidade de crentes evangélicos naquela época seguiam a Jesus de perto - porque seguiam a Palavra de Deus, a bússola do viajante na qual o norte era sempre o Mestre dos mestres - eles eram fortes e saudáveis, espiritualmente falando. Não raro havia sinais e maravilhas - genuínos - realizados pelos crentes evangélicos. O autor desse texto, que se converteu na última hora daquela época de ouro, foi testemunha de vários sinais e maravilhas sendo realizados por aqueles irmãos. Do mesmo modo, naqueles dias havia temor de Deus nos corações dos crentes evangélicos que viviam naquela época, que se manifestava de duas maneiras principais (não descartando outras, é claro): TEMOR EM ENSINAR O QUE A BÍBLIA ENSINAVA (E ENSINA), sem distorções e TEMOR EM CRITICAR ENSINOS SEM CONFRONTÁ-LOS PRIMEIRO COM A BÍBLIA. Noutras palavras, o salutar costume dos crentes de Beréia era comum!

"E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. De sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta posição e não poucos homens." (At 17.10-12)

Deste modo, naqueles dias, os crentes evangélicos seguiam suas lideranças SE, E SOMENTE SE, estas fossem fiéis a Palavra de Deus. A mudança de igreja, congregação ou mesmo denominação só acontecia OU por mudança de endereço residencial (e em último caso, quase se o crente mudasse de estado ou país, porque só de bairro não causa suficiente) OU em caso de desvio de conduta - adultério ou roubo - pelo líder (raríssimo naqueles dias) OU quando o líder daquela igreja (em geral, pastor ou bispo, não existiam apóstolos naqueles dias) abraçava e ensinava heresias, apostatando (ou seja, desviando-se) da fé. O autor desse texto mudou-se de igreja uma única vez, extamente porque de forma clara e aberta, sem nenhuma espécie de temor do Senhor, o líder da igreja que ele era membro havia esposado doutrinas do inferno, ensinando outro evangelho, o qual o apóstolo Paulo nos manda anatematizar (ou seja, amaldiçoar, reprovar energicamente). Sair da igreja, noutra hipótese, era por desvio da fé.

E hoje? Sinceramente, dá vontade de chorar...

Hoje, a fé evangélica mudou. Ser evangélico hoje, para muitos, é ser uma espécie de autômato. Há muito mais emoção do que razão. Há muito mais doutrinas anti-bíblicas sendo produzidas DENTRO DA "IGREJA" do que fora dela. Fora da igreja a coisa se manteve mais ou menos estável do ponto de vista de criação de falsos ensinos, do que dentro; houve uma explosão de heresias, ditas bíblicas sem o sê-lo, produzidas em profusão por lideranças. Hoje, perdeu-se o temor de Deus: alguém levanta-se a si mesmo como pastor, bispo ou apóstolo; produz uma série de ensinos sem pé nem cabeça, defendidos como "a última revelação", como um novo "apocalipse", onde o auto-proclamado líder, no auge do hedonismo e vaidade, proclama-se a si mesmo quase como o "assistente de Deus", "a última bolacha do pacote". Como condenar os livros apócrifos e pseudoepígrafos, se as pregações e ensinos desses líderes são mais heréticos do que o Pastor de Hermas, do mesmo pé que os ensinos contidos no evangelho da Infância! Ressucitam heresias antigas, já amplamente condenadas pela Igreja ao longo dos séculos (como arianismo, sabelianismo, montanismo, marcionismo e outras) e as recheiam com novas! Estes homens, a partir dos falsos ensinos que tão seguros de si ensinam, estão, na prática, anulando a inerrância das Escrituras. Qualquer dia farão para si mesmos uma bíblia, com os livros que eles acham correto, acescentado às interpretações sem pé nem cabeça deles, e dirão: "Deus me revelou, a mim ungido máximo do Senhor, grande apóstolo da era de Laodicéia, quais os livros que devem estar no cânon bíblico; daí, preparei com a ajuda da revelação sobrenatural dada esse novo cânon, porque o antigo está errado! E só a mim foi dada a chave para correta interpretação desse novo cânon!" Quem viver, verá!

O que se vê, hoje, é que ao invés dos crentes seguirem a Cristo, estão seguindo homens, sem ponderar sequer se estes homens estão seguindo ao Senhor ou não. Não há nada errado em seguir ao líder, ao pastor da igreja, DESDE QUE ELE SIGA AO SENHOR. Seguir ao Senhor Jesus - manifesto pelo seguir e esmerar-se em seguir a Bíblia - é a chave, é o cerne da questão, a pedra principal. O problema é que muitos substituiram a  pedra principal, de esquina, pelo culto a personalidade, pelo carisma pessoal, pela fama do líder e da igreja. A grande prova disso é que estão reduzindo as Escrituras a um papel de somenos importância para a fé e a prática cristã, por não a usarem para aquilo que ela foi designada - regra de fé e prática, ou sola scriptura! O ensino que vem dos púlpitos não é checado com aquilo que a Bíblia diz, ela não é mais o padrão de medida. O padrão de medida foi abandonado! O problema é que seguir o líder que não segue ao Senhor é o mesmo que um cego seguir outro cego. O resultado disso é inevitável: os dois cairão no abismo!

Leia a sua Bíblia! Estude-a! Compare as coisas espirituais com as espirituais, o que é ensinado com o que está escrito na Palavra! Lembre-se: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho." (Sl 119.105)


A quem você, querido leitor, está seguindo de fato? Ao Senhor Jesus ou a outro senhor?

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!